Francisca, moradora do Jardim Romano.
O trecho transcrito abaixo conserva a oralidade no momento da entrevista:
" A água ia baixando e a gente rapado, baixando e rapando. Esse piso era da cor desse coisinha ai, uma massa preta, hoje é tudo amarelado. Um dia eu vim com as minhas colega que a água tava só no quintal, quando ela ficou baixinha. Ai eu disse: eu acho que não tem mais água dento de casa, que a água já ta no quintal. Ai eu vim mais minhas colega, arrumemo umas bota, todo mundo comprou bota, mas na rua tinha gente que vinha sem bota, que a água cobria as bota. Ai quando cheguemo aqui no portão, coloquemo as bota e entremo aqui, porque dizem que o perigo das doença tá é na lama, né? Ai minha colega me chama de mana, né? minha colega é doida,entrou aqui em casa e disse “Mana do céu, essa casa tá é parecendo casa do terror, casa abandonada” ai entremo e pedimo vela pra minha cunhada, porque tava tudo desligado. Ai pedimos vela pra minha cunhada e entremo. Ai minha colega pisou num negócio “ai meu deus do céu, tem bicho dentro dessa água”, quando fui ver era a panela de pressão que tava aqui debaixo da mesa".
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Muro grafitado por Ignoto através do PROAC Artes Visuais, a partir da história contada por Francisca. |
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Luzia, cumadre de Francisca, moradora do Jardim Romano.
Trecho transcrito da sua entrevista:
"Foi, quando foi a noite já tava lá pela cintura. Ai eu falei: meu deus do céu e essas águas Jesus? E eu ficava morrendo de medo mulher, eu falei: meu Deus do céu, tenho medo de ficar dormindo, não dormia não.
Eu ficava na janela olhando aquele mar d’água, e eu com medo das casa afundar assim né?
Tem muita umidade né? Aqui era um brejo né?"
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Muro grafitado por Ignoto, através do PROAC Artes Visuais, a partir da história de Luzia. |
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Dona Lica, moradora do Jardim Romano.
O trecho da sua entrevista está transcrito abaixo:
"Se agente perdesse, como agente perdeu, que agente reconstruía tudo de novo, né? No começo eu fiquei com muito medo...eu queria tirar os meus filhos, queria salvar eles, só eles! Nem tanto eu né? Mas na hora assim, agente fica muito....se agente não tem cabeça, se fica refletindo, se não faz, se tem que correr se tem que agilizar! É difícil! Por que o perigo ta entrando, ele ta vindo...pra cima de você, se tem que correr se tem que, sei lá, se tem que fazer alguma coisa, entendeu? Pra sai dali! Ai eu fiquei com medo da casa cair, por que era muita
água!"
Muro grafitado por Ignoto, através do PROAC Artes Visuais, a partir da história de Dona Lica.
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Abaixo segue um trecho da entrevista de Tiago:
"Bom, o peixe que tava... é... aquele lá que eu falei quando tava assistindo o filme, é aquele lá que dava a língua pra mim que ele...me... ficava me seguindo ... aí a minha mãe foi lá e jogou ele na água... aí eu fiquei com dó, fui lá na rua... aí eu pisei dentro d’água... aí eu fui lá e peguei ele...aí botei dentro de um “prástico” cheio de água... aí eu botei ele lá escondido lá na minha madrinha lá no banheiro... aí eu ia olhava pra o direito, pra o esquerdo, atrás pra ver alguma gente... quando não vinha eu ia correndo pra o banheiro... aí eu pegava ele, aí eu olhava pra ele quando eu olhava ele fazia assim ‘Bluw bluw’...dava a língua pra mim... aí eu botei dentro d’água aí quando eu botei dentro da água ele ficou assim ó ‘Tsuh tsuh tsuh’ coisando água pra mim... aí eu fui dormir, quando foi de noite, eu fui ver ele não tava o peixe aí o peixe num tava aí eu fui lá no banheiro aí eu perguntei pra minha mãe “Mãe, cê viu um peixe aí parecendo um dourado?” aí ela “É, eu vi, ele tava lá na rua” ai eu “Ai não, será que a minha madrinha viu e jogou ele a água” aí eu fui lá e aí eu vi ele lá nadando aí eu falei “ô,madrinha, aquele peixe ali, você jogou na água?” aí ela “É, eu joguei ele tava dentro do meu banheiro” aí eu fui lá, aí quando foi de noite eu fui lá na rua, pisei de novo, peguei ele e escondi lááá... em cima do guarda roupa... aí a minha madrinha viu ele de novo, ela falou “Mas será que o Thiago tá guardando esse peixe pra eu não ver?” Aí perguntou pra mim, aí ela “Ô,Thiago, você pegou um peixe na água?” e eu (silêncio) “Que peixe?” aí ela “Éééé...um peixe que tá em cima do guarda-roupa” e eu “Será que ela viu?!” Humm...Ai ai...aí ela foi lá, pegou o peixe e falou “Esse peixe aqui, ó!” aí eu fui lá e falei: “Tá bom, eu desisto, eu peguei ele, porque minha mãe..é...jogou ele na água aí um carro ia passando, aí ia pisar...ia coisar em cima dele, aí eu peguei ele e guardei ele aqui aí ela ”Ahhh...então tá bom! Eu vou guardar ele aqui hoje e amanhã”, aí (pausa) ...aí, eu fui lá e guardei ele... aí quando foi...quando a água tava abaixando, aí eu fui lá e....botei ele dentro da água aí quando a água abaixou toda ele ficou se mexendo lá na rua, botei ele, botei ele lá dentro do poço, onde tinha muita água.
Aí eu fui lá e falei “Tchau, tchau!” Aí eu botei ele, aí ele foi embora."
Muro grafitado por Ignoto, através do PROAC de Artes Visuais, a partir da história de Tiago.
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